Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?

21º Domingo do Tempo Comum  22/08/2021

“A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna”. Essa resposta de Pedro parece simples e fácil. Mas não é. Para muitos, as palavras de Jesus são duras. E duras por quê? Porque vão de encontro à nossa vontade, ao nosso comodismo, aos prazeres que teremos que renunciar. Escutá-las significa colocá-las em prática. 

Então, a nossa inteligência e a nossa vontade optam, deliberadamente, por não escutá-las ou tentar argumentar que essa não é a vontade de Deus, que é um exagero. Ou, simplesmente, “Esta palavra é dura”. Percebam que Jesus não tenta fazer o discurso do politicamente correto para agradar e manter seus seguidores. Na verdade, Ele vai além. E diz aos doze: “Vós também quereis ir embora?”

É preciso recordar que estamos no final do capítulo 6 do Evangelho de João, o chamado evangelho do Pão da Vida. Estamos um ano antes da morte de Jesus na cruz. E Jesus comunicava que Ele se daria no pão e no vinho: “Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente”. O sentido de um Deus que se entrega como alimento era de difícil compreensão para aquelas pessoas. Mas será que era somente para aquelas pessoas?

Ainda hoje, muitos não acreditam na Eucaristia e, muitos dos que dizem acreditar, não dão o devido valor a esse sacramento. E por quê? Porque não entendem o seu significado. É como querer que uma pessoa deseje ir a uma ópera, um balé, uma partida de futebol americano, sem entender o que acontece ali. 

As pessoas não entendem que Deus nos ama infinitamente e quer o melhor para nós. Mal comparando, é como um pai ou uma mãe que proíbem o filho de fazer algo sabidamente ruim. 

Na Primeira Leitura, diante dos questionamentos e da adoração a outros deuses (esses deuses representam aquelas coisas que cultuamos mais que a Deus), Josué diz para o povo: “escolhei hoje a quem quereis servir”. E o próprio Josué aponta a resposta: “Quanto a mim e à minha família, nós serviremos ao Senhor”.

O Salmo nos mostra como acolher e obedecer a essas palavras consideradas duras: “Provai e vede quão suave é o Senhor!”. É simples! Quando comemos e bebemos do Corpo e Sangue de Cristo, assim como Ele mesmo ensinou, é o próprio Deus que vem nos ajudar: “É por isso que vos disse: ninguém pode vir a mim, a não ser que lhe seja concedido pelo Pai”. É o próprio Deus, habitando em nós, que vai iluminar nossa mente e abrir o nosso coração.

Receber a Eucaristia alimenta a nossa fé e a nossa fé alimenta o desejo de receber a Eucaristia. E, assim, as palavras, que pareciam duras, se tornam música aos nossos ouvidos e refrigério para nossa alma. 

Ó Deus, que unis os corações dos Vossos fiéis num só desejo, dai ao Vosso povo amar o que ordenais e esperar o que prometeis, para que, na instabilidade deste mundo, fixemos os nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias. (Oração do Dia)

Leituras do dia:

1ª Leitura (Js 24,1-2ª.15-17.18b)

Do Salmo 33/34

2ª Leitura (Ef 5,21-32)

Evangelho (Jo 6,60-69)

P.S. Estes textos são construídos a partir da liturgia do domingo. Assim, se você ainda não leu ou não lembra o conteúdo, principalmente do Evangelho do dia, sugiro uma leitura preliminar desse.

EU SOU

18º Domingo do Tempo Comum  01/08/2021

No livro do Êxodo 3,14, Deus comunica a resposta que Moisés deveria dar quando perguntassem o nome do Deus de seus pais: “EU SOU AQUELE QUE SOU”.  

Jesus vai dizer no evangelho de hoje “EU SOU o pão da vida. Quem vem a Mim não terá mais fome e quem crê em Mim nunca mais terá sede”. O Deus que “deu para comer o pão do céu” é o mesmo Deus que desceu do céu para se fazer alimento.

São Paulo, na segunda leitura, vai nos alertar: “Não continueis a viver como vivem os pagãos, cuja inteligência os leva para o nada”. Por que esse aviso? Porque gastamos nosso tempo buscando a felicidade nas coisas que passam. E a nossa vida espiritual vai sendo preguiçosa, enquanto estamos felizes por receber o pão material e estar satisfazendo nossos desejos.

Jesus mesmo diz “… estais me procurando não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes satisfeitos”. E o que são esses sinais? São sinais de que Jesus é o Filho de Deus, que “é o alimento que permanece até a vida eterna”.

Para realizar as obras de Deus é necessário que acreditemos naquele que Ele enviou. Ou seja, precisamos ter FÉ. É a fé que nos abre os olhos para ver os sinais e para nos abrirmos à verdade de que Jesus se faz presente na Eucaristia. Verdadeira comida, que sacia nossa fome, verdadeira bebida, que sacia nossa sede. “Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo” (Sal 41/42,3).

O que fazer então? São Paulo, aos Efésios, nos exorta a despojarmo-nos do homem velho, que se corrompe sob o efeito das paixões enganadoras, e revestirmo-nos do homem novo. O homem novo precisa passar pelo deserto. É no deserto que costuma vir a murmuração. Quanto tempo perdemos da nossa vida murmurando pelas coisas que perdemos ou pelas dificuldades que estamos enfrentamos?

E o alimento para atravessar o deserto já foi dado. De nossa parte, é preciso fazer o que Jesus ensinou: “Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna”. Viver na emoção das graças recebidas é fácil, mas é no dia a dia que precisamos procurar o alimento para a vida eterna. Para isso devemos nos ESFORÇAR em ter uma vida santa e participar dos sacramentos, especialmente confissão e comunhão. O alimento espiritual é que nos garante a vida eterna.

Um verdadeiro cristão não vive somente de consolações. São nas desolações que se consolida a fé verdadeira. É na fé verdadeira que poderemos nos alimentar do Pão da Vida.   

Deus Pai, que enviastes o Vosso Filho, que nos dá o verdadeiro Pão do Céu, saciai a fome e a sede que temos de Vós.  (Oração dos Fiéis)

Leituras do dia

1ª Leitura (Êx 16,2-4.12-15)

Do Salmo 77/78

2ª Leitura (Ef 4,17.20-24)

Evangelho (Jo 6,24-35)

P.S. Estes textos são construídos a partir da liturgia do domingo. Assim, se você ainda não leu ou não lembra o conteúdo, principalmente do Evangelho do dia, sugiro uma leitura preliminar desse.

Jesus olhou para mim

17º Domingo do Tempo Comum  25/07/2021

Muito difícil ouvir essa passagem da Escritura e não focar a atenção no milagre da multiplicação dos pães. Até porque a Primeira Leitura já prepara o nosso olhar e apresenta uma prefiguração desse momento: Eliseu, com 20 pães, saciou 100 pessoas: “Comerão e ainda sobrará”.  No Evangelho, Jesus, com 5 pães e 2 peixes, saciou 5.000, sem contar mulheres e crianças.

A palavra de Deus é uma maravilha. Repetidas leituras de um mesmo texto possibilitam recebermos diferentes mensagens. E, desta vez, o toque de Deus veio no momento anterior à multiplicação, no qual Jesus levantou os olhos e viu a grande multidão que vinha ao Seu encontro. Foi dessa forma que eu me vi dentro do Evangelho, fazendo parte daquela multidão. Jesus levantou os olhos e me viu. Me viu! Jesus sabe que eu tenho fome. Jesus sabe do que eu tenho fome. Fome de pão. Fome de Deus.

Deus tudo pode. Tem poder para criar do nada. Mas Deus quer precisar dos meus 5 pães e dois peixinhos. Tão insignificante, eu sei! Mas, como criatura livre que sou, Deus não age sem a minha aceitação. Minha capacidade de fazer algo é sempre tão pequena, diante do Seu poder, mas Deus quer esse pouco como condição para que Ele intervenha. E Ele o fará, para o meu bem, para minha salvação.

É preciso dar do que tenho e do que sou; oferecer a Jesus, que Ele transforma. Como fez em Caná. É a partir da minha caridade que minha fé se concretiza. Deus quer precisar de mim. Como disse São Paulo aos Efésios, “Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, que reina sobre todos, age por meio de todos e permanece em todos.

Ação é igual a permanência. Haverá momentos que nada tenho para entregar. Não importa. Entregarei o meu nada, as minhas misérias, as minhas angústias, os meus medos, na certeza de que Ele é o Senhor da minha vida e que comerei e ainda sobrará. E ele permanecerá em mim e eu Nele.

E sobraram doze cestos. O número dos apóstolos. A Igreja é o melhor lugar onde posso saciar a minha fome de Deus. A multiplicação dos pães anuncia a eucaristia, momento em que o Senhor se dá na caridade perfeita, Aquele se oferece como vítima para expiação pelos meus pecados. É pela eucaristia que a Trindade vem fazer morada dentro de mim e me curar de toda enfermidade espiritual.

Que a Virgem Maria, modelo de entrega total a Cristo, nos ajude a fazer nosso oferecimento diário de nós mesmos!  

Ó Deus, sois amparo dos que em Vós esperam e, sem Vosso auxílio, ninguém é forte, ninguém é santo; redobrai de amor para conosco, para que, conduzidos por Vós, usemos de tal modo os bens que passam que possamos abraçar os que não passam.  (Oração do Dia)

Leituras do dia

1ª Leitura (2Reis 4,42-44)

Do Salmo 144/145

2ª Leitura (Ef 4,1-6)

Evangelho (Jo 6,1-15)

P.S. Estes textos são construídos a partir da liturgia do domingo. Assim, se você ainda não leu ou não lembra o conteúdo, principalmente do Evangelho do dia, sugiro uma leitura preliminar desse.