Uma Mulher Vestida de Sol

Solenidade da Assunção de Nossa Senhora  15/08/2021

Difícil falar de Nossa Senhora sem cair na tentação de contar experiências pessoais. Sim. É no sentir que aprendemos a amar Maria, nas pequenas e nas grandes coisas da vida. E, diante da presença daquela que tanto nos ama, é que buscamos compreender quem é essa “mulher revestida de sol”, de que nos fala o livro do Apocalipse.

Mas, diferentemente de Eva, fugirei da tentação. Afinal, não estou aqui para dar testemunhos, mas para tentar mostrar um pouco da riqueza das nossas liturgias dominicais. E, neste domingo, podemos participar de uma das mais belas páginas da nossa doutrina: “… declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que: a imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial” (Munificentissimus Deus n. 44).

Que linda declaração! Numa só frase, para declarar o quarto dogma mariano, a Igreja reúne os três dogmas anteriores: Imaculada, Mãe de Deus e Sempre Virgem. 

Em Maria parece haver um descumprimento da promessa de Cristo em relação à ressurreição dos homens, como descreve São Paulo na Segunda Leitura: “Em primeiro lugar, Cristo, como primícias; depois os que pertencem a Cristo, por ocasião de Sua vinda”. Maria é tão intimamente ligada a Cristo que não precisa esperar a nova vinda de Cristo para receber seu corpo glorificado. 

Afinal, aquela que foi concebida sem pecado (imaculada), que não pecou durante toda sua vida, que se configurou totalmente à vontade de Deus e que amou como nenhum ser humano é capaz de amar, não precisaria passar pela corrupção da morte. Sem entrar no mérito se Maria morre ou simplesmente “dorme”, a Igreja proclama que ela foi assunta aos céus, transcorrido o curso de sua vida. Não ascendeu sozinha como Cristo, mas foi elevada pelos méritos da morte de seu Filho Único. Desde sua imaculada concepção até à sua assunção, todas as graças foram recebidas como primícias da salvação realizada por Cristo.

É assim que podemos viver. Já fomos redimidos pela morte de Cristo. Nossa salvação já nos foi dada. Basta manifestarmos o nosso desejo e o nosso esforço em cumprir a vontade do Pai. Precisamos fazer como Maria: esmagar a cabeça da serpente, pisar nos pecados. E, assim, esperarmos o dia de, com ela, entrar na glória celeste.

“Que a mãe do meu Senhor”, como diz Isabel no Evangelho, possa nos visitar hoje e sempre, e que nós possamos ver o cumprimento da profecia do Magnificat: “Doravante todas as gerações me chamarão de bem-aventurada”. 

Suba até Vós, ó Deus, o nosso sacrifício, e, pela intercessão da Virgem Maria, elevada ao céu, acendei em nossos corações o desejo de chegar até Vós. (Oração sobre as Oferendas)

Leituras do dia:

1ª Leitura (Ap 11,19a;12,1.3-6a.10ab)

Do Salmo 44/45

2ª Leitura (1Cor 15,20-27a)

Evangelho (Lc 1,39-56)

P.S. Estes textos são construídos a partir da liturgia do domingo. Assim, se você ainda não leu ou não lembra o conteúdo, principalmente do Evangelho do dia, sugiro uma leitura preliminar desse.

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